terça-feira, 26 de setembro de 2017


 A FORMAÇÃO DO CONCELHO DE ESPINHO


     As primeiras referências a Espinho como uma das principais estâncias balneares do país datam da segunda metade do século XIX. Até 1855 a Costa de Espinho pertencia à freguesia de Ovar, passando por Decreto de 24 de Outubro desse ano a fazer parte da freguesia de Anta, concelho da Feira. Em 23 de Maio de 1889 foi criada a Paróquia de Espinho, tendo o decreto-lei de 30 de Dezembro de 1890, publicado no diário do Governo de 5 de Janeiro de 1891, determinado a criação da freguesia civil.

     A criação do novo concelho, com uma única freguesia, surgiu dez anos depois, em 1899, com o Decreto-Lei de 17 de Agosto, que concretizou as pretensões da população. No ano seguinte à emancipação administrativa, Espinho foi abastecido de água, as ruas começaram a ser limpas e arborizadas, concretizou-se o alargamento das passagens de nível e o arranjo da escola Conde Ferreira. A Planta desenhada em 1900 pelo Eng. Bandeira Neiva continua a ser um dos maiores patrimónios de Espinho, conferindo-lhe uma singularidade tal, que os números dão “nome” às ruas.

    Com a abertura da linha do caminho-de-ferro do Norte, o novo meio de transporte alterou por completo o quotidiano da estância balnear: atraiu mais população; fixou novas indústrias e, consequentemente, aumentou os postos de trabalho; criou novas oportunidades ao nível dos serviços e do comércio; ligou Espinho aos principais centros populacionais portugueses e também à vizinha Espanha; foi um elemento essencial para a mobilidade de pessoas e bens, designadamente dos vilegiaturistas que todos os anos voltavam a Espinho. Verdadeiro ex-libris do concelho, a praia de Espinho teve um rápido desenvolvimento, tornando-se um pólo fundamental de atracão turística e uma referência para toda a região.

    Em 11 de Outubro de 1926, e por força do Decreto-Lei n.º 12437, publicado pelo Governo Provisório chefiado pelo general Óscar Carmona, concretizou-se o alargamento do concelho às freguesias de Anta, Guetim, Paramos, Silvalde, Esmoriz, Oleiros e Nogueira da Regedoura, processo que decorreu de uma consequência natural da dinâmica da vila e do seu desenvolvimento turístico e económico como unidade administrativa comum, sendo promovido à categoria de concelho de “segunda classe”. Em Abril de 1928 o Decreto-Lei n.º 15395 desanexou as freguesias de Esmoriz, Oleiros e Nogueira da Regedoura, fixando os actuais limites do concelho. A 16 de Junho de 1973 a Vila de Espinho foi elevada à categoria de cidade e as freguesias de Anta e Silvalde à categoria de Vila, em 27 de Maio de 1993 e 1 de Julho de 2003, respectivamente.

      A identidade do território espinhense extravasa a orla marítima e percorre um conjunto de lugares com características muito próprias, assentes numa tradição cultural singular que remonta a um passado longínquo e do qual a ruralidade se assume como um factor coevo de ligação entre a terra e o mar.

     Composto na actualidade por quatro freguesias (Espinho, Anta/Guetim, Paramos e Silvalde), no âmbito da Lei n.º 11-A/2013 de 28 de Janeiro, o concelho de Espinho apresenta uma economia basicamente assente nos sectores secundário e, sobretudo, terciário. O tecido industrial integra algumas empresas sediadas em várias freguesias e apostadas na peculiaridade e internacionalização dos seus produtos e na procura de novos mercados.

    Um conjunto vasto de património histórico, com destaque para a componente arqueológica, religiosa e civil encontra-se em todo o concelho. O Museu, a Biblioteca Municipal e o Centro Multimeios são equipamentos dinamizadores de muita da atividade cultural e científica que se produz anualmente no município.

       Do ponto de vista desportivo, a cidade tem uma história muito rica, continuando a promover tudo o que é desporto. O Oporto Golf Club, a Nave Polivalente, o Complexo de Ténis, as Piscinas e um conjunto de infraestruturas desportivas espalhadas por todas as freguesias, permitem aos espinhenses e àqueles que nos visitam a prática de diversos desportos.

      Com o decorrer dos anos o movimento associativo foi ganhando mais força. Surgiram associações das mais variadas índoles: culturais e recreativas, religiosas e desportivas, mutualistas e assistenciais, políticas e patronais. Foram no passado, e continuam a ser no presente, o grande motor de toda a vida social, cultural e desportiva do concelho.

Armando Bouçon






                                    


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